"Fact Check. Uso de máscara provoca falta de oxigénio?"
(In Observador, 05 Outubro 2020)
Publicação viral diz que uso de máscara provoca hipoxia. Pneumologista Tiago Alfaro desmente informação. Organização Mundial de Saúde não refere esta consequência nas suas recomendações.
O uso ou não de máscara tem sido um dos temas mais debatidos nesta nova era Covid-19. Nesse sentido, surgiu uma publicação no passado 23 de setembro que alega que as máscaras provocam hipoxia (uma redução da concentração de oxigénio no sangue), dando o exemplo de casos específicos de alunos e professores nas escolas portuguesas. “Crianças com dores de cabeça ao fim de um dia respirando através de uma máscara (sintomas de hipoxia), professoras a sentirem-se mal durante o decorrer das aulas com falta de ar, arritmias, fadiga extrema (todos sintomas de hipoxia), crianças obrigadas a permanecerem sentadas nos intervalos, vigiadas por auxiliares, sem poderem movimentar-se a não ser para irem ao WC (sob vigilância de auxiliares)”, lê-se na publicação. Chegou às 15,3 mil visualizações e às 476 partilhas. É, no entanto, uma publicação com informações factualmente erradas.
O post em questão, além de não dizer a que escolas do país se refere, releva logo um primeiro sinal de que possam estar a ser seguidas opções de segurança inadequadas: nomeadamente, quando o autor diz que existem “crianças asmáticas que se queixam de falta de ar com uma máscara N95”. É que este tipo de máscaras não é recomendado para o público em geral. “As máscaras FFP2 ou N95, mais corretamente chamados respiradores, não são recomendados para o público em geral, pois devem ser reservados para uso dos profissionais de saúde, especialmente em contexto de pandemia”, afirma Tiago Alfaro, professor auxiliar convidado de Pneumologia da Faculdade de Medicina de Coimbra e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia ao Observador. Ou seja, “embora os respiradores possam oferecer maior proteção do próprio contra a infeção, quando bem usados e bem adaptados à face, são menos confortáveis e mais difíceis de usar corretamente. Também é difícil obter uma boa adaptação à face, especialmente em crianças”, acrescenta.
Nesse sentido, Filipe Froes, pneumologista e coordenador do gabinete de crise da Covid-19 da Ordem dos Médicos, esclarece ao Observador que, “nas escolas, as máscaras recomendadas são modelos comunitários certificados e, no máximo, máscaras cirúrgicas”. É importante também dizer que o uso deste material de proteção só é obrigatório nas escolas a partir do 5º ano de escolaridade.
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