(In Observador, 18 Fevereiro 2021)

"Uma publicação no Facebook alega que a utilização prolongada de máscara contribui para o cancro do pulmão em estágio avançado em adultos". A informação está errada.
Uma publicação partilhada no Facebook alega que a utilização prolongada de máscara contribui para a “inalação de micróbios nocivos” e que isso “pode contribuir para o cancro de pulmão em estágio avançado em adultos”. O utilizador do Facebook em questão cita um artigo do Contra Fatos como fonte para a informação que partilha. O site aponta como linha editorial o debate dos factos. “Um facto não é uma verdade incontestável. Queremos mostrar o outro lado dos factos, o lado que a maior parte dos média esconde ou finge não existir”, refere o mesmo.
Por sua vez, o Contra Fatos cita um estudo da revista Cancer Discovery para avançar que “a inalação de micróbios nocivos pode contribuir para o cancro do pulmão em estágio avançado em adultos” e que “o uso prolongado de máscaras faciais pode ajudar a criar esses patogéneos perigosos”.
O site brasileiro afirma que “os microbiologistas concordam que o uso frequente de máscaras cria um ambiente húmido no qual os micróbios podem crescer e proliferar antes de entrarem nos pulmões. Esses micróbios estranhos viajam pela traqueia e entram em dois tubos chamados brônquios até chegarem a pequenos sacos de ar cobertos por vasos sanguíneos chamados alvéolos”.
O estudo citado pelo site foi publicado na revista Cancer Discovery, uma publicação que pertence à Associação Americana para o Estudo do Cancro. No entanto, à agência Reuters, os dois autores do estudo em que se baseia o artigo do Contra Fatos sublinharam que a investigação não envolve a utilização de máscaras em nenhum momento e que “não há evidência científica” que relacione o estudo com a utilização de máscaras.
James Tsay, um dos investigadores, avança que os pacientes que participam no estudo foram recrutados anos antes da pandemia, “entre 2013 e 2018”. Também sublinham que a utilização de máscaras “não era comum durante o período de estudo” e que, por isso, “é extremamente improvável que [a utilização de máscaras] influencie as conclusões do estudo”.
Outro dos autores do estudo, Leopoldo N. Segal, sublinha que “não há evidência científica para suspeitar de que a utilização de máscara aumente a quantidade de bactérias orais que chegam aos pulmões” e que a “principal fonte destas bactérias nos pulmões é a boca e a oro-faringe [parte da faringe que está por trás da boca]”. À agência Reuters, Leopoldo N. Segal conclui que “a quantidade destes micróbios orais está dependente da higiene oral e do consumo de alimentos” e que é normal encontrar estas bactérias “na cavidade oral de praticamente todos os indivíduos”.
Os autores do estudo afirmam que são “várias as diferentes hipóteses que justificam os níveis destes micróbios que podem ser detetados nos pulmões”. Por exemplo, “uma aspiração das próprias secreções orais” ou uma “menor capacidade de as expulsar”."
Leia a notícia na íntegra aqui.
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