"As máscaras são descartáveis, mas o ambiente não. Ana Catarina está a investigar esta ameaça"

(In Público, 2 de Março de 2021)

"Preocupada com o rasto de poluição deixado pelas máscaras descartáveis, Ana Catarina Santos procura formas de as valorizar. Um ano depois da confirmação do primeiro caso de covid-19 em Portugal, a jovem investigadora partilha a investigação que está a desenvolver e cujo objectivo passa por averiguar o grau de decomposição das máscaras no solo e mudar comportamentos através da arte.

Ser o braço português de uma organização internacional de protecção ambiental e estabelecer contactos com partidos políticos que defendam a causa e a levem a ser discutida no Parlamento são terrenos que a estudante de mestrado da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), Ana Catarina Santos, quer pisar no futuro. Mas, antes de o fazer, a jovem investigadora acredita ser necessário alertar a população para o tema e criar alternativas para que se valorizem as máscaras descartáveis. É por tudo isto que, desde Setembro de 2020, está a investigar o impacto das máscaras descartáveis no ambiente. “Este problema está a acontecer neste momento. Se agirmos já, as consequências podem ser menores no futuro”, começa por explicar ao P3.

Se é certo que a pandemia, ao manter a maioria da população mundial em casa, fez diminuir, entre muitos outros aspectos, os níveis de poluição atmosférica, também é verdade que originou um dos maiores problemas ambientais de todos os tempos: o aumento do lixo proveniente de equipamentos de protecção individual contra a covid-19, nomeadamente as máscaras descartáveis.

Ainda que sejam quatro os tipos de máscaras que podemos utilizar, existe uma forte inclinação para as descartáveis. Nas palavras do ministro do Ambiente e Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, “nunca ninguém sugeriu que se usassem descartáveis” nem tão-pouco existe uma protecção acrescida por se usar este tipo de equipamentos. Sendo assim, qual é a razão que o explica? O preço? “Sim, embora o preço seja um bocadinho relativo, porque as cirúrgicas são mais baratas, mas bastam três ou quatro das de tecido e duram bastante tempo”, afirma. “Na minha opinião, acho que é a conveniência. É muito mais conveniente, para um cidadão comum, usar as máscaras cirúrgicas. É colocar e descartar.”

“[As máscaras ] vão para aterro ou para incineração, mas aquelas que não são sequer colocadas no lixo podem aparecer no meio ambiente, vemos máscaras nos oceanos, nas praias ou em seres vivos.”


PAULO PIMENTA

Leia a notícia na íntegra aqui.